sexta-feira, 30 de março de 2012

O PT E AS ELEIÇÕES EM CURITIBA

Clóvis Augusto Veiga da Costa
Advogado e Analista Político Amador




A possível aliança entre o PDT e o PT para a disputa da prefeitura de Curitiba não garante, como querem fazer crer alguns expoentes do chamado “Campo Majoritário” do PT, o apoio incondicional de DILMA ROUSSEFF, LULA e do PT NACIONAL ao ex-deputado federal GUSTAVO FRUET. Aliás, como se sabe, sequer a coesão do PT curitibano em torno da candidatura de GUSTAVO FRUET pode ser esperada.
É sob a ótica das questões nacionais – leiam-se eleições presidenciais de 2014 – que o assunto “FRUET/PT” deve ser tratado e compreendido. Isto porque, são os resultados das eleições municipais que vão proporcionar à presidente DILMA – ou não – as condições ideais para enfrentar a disputa à reeleição. Sob esse prisma, o PSB e o seu presidente nacional, o Governador de Pernambuco, EDUARDO CAMPOS, a cada dia ganham um papel de maior destaque nas articulações e estratégias políticas para as eleições de 2012. Não é segredo para ninguém a excelente relação que EDUARDO CAMPOS e LULA mantêm. Nesse sentido, os trabalhos de bastidores que o ex-presidente tem feito nos últimos meses, e com o consentimento de DILMA, para formar um pacto com o socialista rumo a 2014, já ganham as colunas políticas de todo o país.
É consenso entre os petistas do alto escalão que EDUARDO CAMPOS não pode ficar “solto” no processo eleitoral que se aproxima. Por isso, o ex-presidente da República está conduzindo pessoalmente as negociações com o socialista para que o PSB declare o quanto antes apoio à candidatura do ex-ministro HADDAD em São Paulo. Decisão mesmo, o Governador de Pernambuco promete apenas para junho, durante a convenção partidária. Desde logo, entretanto, já garantiu a LULA que a seção paulistana do partido não apoiará a candidatura de JOSÉ SERRA, embora o PSB paulista faça parte da administração de ALCKMIN.
As negociações prosseguem e para ganhar a adesão a HADDAD, o PT avalia a possibilidade de apoiar candidatos do PSB em diversos municípios considerados estratégicos, como Campinas (SP), Mossoró (RN) e Duque de Caxias (RJ), bem como em importantes cidades paulistas como Franca, Taubaté, Taboão da Serra e Itanhaém. Igualmente, o PSB espera garantir a vaga de vice do PT em três municípios paulistas: Santo André, Diadema e Mauá. Além disso, o nome de EDUARDO CAMPOS já é lembrado publicamente por petistas de peso, como JAQUES WAGNER, para ocupar a vice de DILMA em 2014.
Segundo o presidente municipal do PT em São Paulo, ANTONIO DONATO, coordenador da campanha de HADDAD, “há vontade de ter um entendimento estratégico, que passa pela visão de País. Eles (PSB) colocaram uma lista de cidades. Não é uma imposição. É um esforço, por isso precisa de tempo até junho”, disse.
Segundo reportagem publicada pelo jornal o Estado de São Paulo em 27/03, no “Recife e em Fortaleza, capitais governadas pelo PT, o partido cederia a vaga de vice aos socialistas. Os petistas estudam, também, abrir mão de candidatura própria em João Pessoa e pedem que o PSB apoie sua candidatura em Macapá. As negociações no País são conduzidas por Campos e pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão. Um mapeamento mais detalhado será feito nos próximos dias pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, e pelo secretário nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi.”
Como se vê, há um grande esforço sendo conduzido por próceres dos dois partidos para que PT e PSB possam consolidar uma grande aliança em 2012, com foco em 2014.
Será que em Curitiba, o fato de LUCIANO DUCCI (PSB) ser apoiado pelo Governador BETO RICHA (PSDB) representa um obstáculo às composições que estão em curso e visam fortalecer a candidatura à reeleição da Presidente DILMA? Ao que parece não. A confirmar tal impressão, observa-se que o PT de Belo Horizonte já confirmou o apoio à reeleição de MÁRCIO LACERDA (PSB), o qual também é apoiado por AÉCIO NEVES (PSDB).
Por tudo isso, imaginar que a campanha em Curitiba seguirá caminhos próprios, descolada das questões nacionais, é, no mínimo, imprudência política.
Se EDUARDO CAMPOS ceder aos encantos do amigo LULA e realmente vier a apoiar a candidatura de HADDAD à prefeitura paulistana, o candidato do PDT em Curitiba, GUSTAVO FRUET – ainda que venha a contar com o apoio formal do diretório municipal do PT –, poderá esquecer qualquer promessa de participação mais efetiva do entourage de DILMA, LULA e do PT NACIONAL em sua campanha.
Em suma, o PT de Curitiba, além do tempo de TV, está a prometer algo que não pode entregar a GUSTAVO FRUET. Enquanto isso, a amizade de LULA e EDUARDO CAMPOS pode ajudar – ou pelo menos não atrapalhar – as pretensões de LUCIANO DUCCI.
Vamos aguardar os próximos capítulos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário