domingo, 18 de julho de 2010

A SAÚDE DESENVOLVENDO A GASTRONOMIA



A SAÚDE DESENVOLVENDO A GASTRONOMIA
Márcio Minoru Matsumoto – Fisioterapeuta e sócio-proprietário do BarAos Democratas, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas-ABRABAR

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as responsáveis pela grande maioria dos empregos gerados nos últimos 10 anos foram às pequenas empresas. A pesquisa revela o setor de alimentação como às maiores contratantes. O mesmo setor destaca-se também por gerar um número estatístico considerável de vagas para o primeiro emprego.
O trabalho é direito garantido ao cidadão pela Constituição Brasileira. Para trabalhar, porém, o indivíduo necessita estar saudável e cuidar da saúde. É importante ressaltar a responsabilidade do empregador ante as providências estabelecidas para um local de trabalho seguro. O ambiente deve ser agradável e capaz de incentivar o trabalhador a trabalhar. Por isso, as políticas públicas devem considerar a importância do setor para a economia e tomar medidas que se preocupam com a saúde do trabalhador e protejam o empreendedor.
O intuito deste artigo é dirigir a atenção das autoridades municipais para a criação de um projeto de lei que visa melhorar o funcionamento empresas que se enquadram no ramo “bares e restaurantes”. A proposta do projeto torna necessário o empreendedor disponibilizar aos seus funcionários serviço de fisioterapia ocupacional na sua empresa para se adequar às novas normas vigentes. A justificativa para a criação deste projeto de lei baseia-se em aspectos da economia e saúde.
A empresa que administra bem suas finanças geralmente toma decisões sobre investimentos considerando dados objetivos de análise de custo e benefício. Além disso, é do conhecimento dos empreendedores conscientes que investimentos em prevenção devem ser priorizados quando se preconiza o superávit.
O Estado tem gastos desnecessários com a saúde porque pouco se investe em prevenção. Um forte indicador deste desperdício são dados da Associação de Ortopedia do Paraná relatam que 80% da população brasileira adulta apresenta lombalgia. A Previdência Social acrescenta segundo dados estatísticos, que a dor lombar é considerada um dos principais motivos de afastamento do trabalho no Brasil classificando-se como primeira causa de pagamento de auxílio doença e a terceira causa de aposentadoria por invalidez.
As estatísticas mostram que 80% da população economicamente ativa terão um episódio significativo de dor na coluna durante alguma fase da vida, resultando em perda de horas de trabalho com reflexo direto sobre o PIB nacional e despesas com saúde. O gasto desnecessário do Estado com os pagamentos destes benefícios culmina no erro em não combater preventivamente as doenças relacionadas ao trabalho.
O fisioterapeuta ocupacional presta serviços para setores diversos setores da economia. Proprietários funcionários de bares e restaurantes e o próprio Estado beneficiam-se destes serviços. A fisioterapia ocupacional preocupa-se com a prevenção e tratamento de doenças relacionadas ao trabalho verificando condições de risco pela análise de tarefas e os ambientes. Uma das funções do fisioterapeuta ocupacional é propor mudanças que tenham por objetivo evitar ou amenizar os casos de doenças e afastamentos. O fisioterapeuta ocupacional, diante da demanda de um mercado em ascensão, formado pelos donos de bares e restaurantes e seus funcionários, tem a excelente oportunidade de trabalho como prestador de serviços de fisioterapia ocupacional.
A fisioterapia ocupacional por meio dos programas de qualidade de vida promove: integração, confiança, satisfação, motivação, aumento da auto-estima, concentração, produtividade, controle do estresse, efetividade organizacional, e melhora dos índices de saúde e bem-estar. Além disso, os custos com planos de saúde são reduzidos bem como as despesas do Estado com doenças ocupacionais.
Cozinheiros, auxiliares, garçons e seguranças têm em comum impacto físico e emocional relacionadas ao trabalho que refletem direto no corpo. Por exemplo, ficar em pé por longos períodos provoca a diminuição do retorno venoso o que é um problema particular para um grande número de trabalhadores. A postura em pé sem o descanso necessário provoca alterações fisiológicas incluindo aumento de carga nas articulações da coluna por desidratação dos discos, inchaço e alterações cardíacas devido a influência da gravidade. Além disso, o cansaço em ficar em pé é aumentado com problemas de circulação do sangue nos membros inferiores. Estas condições refletem a condição de saúde e bem-estar dos funcionários que trabalham em bares e restaurantes.
O mercado de trabalho torna-se cada dia mais competitivo. Portanto, a melhora do trabalho é um fator fundamental para o sucesso de pessoas e organizações. Desta forma o fisioterapeuta ocupacional torna-se necessário para a redução de gastos e promoção da saúde. As responsabilidades estão divididas entre o empreendedor, o profissional de saúde e o Estado. Cabe às autoridades a decisão sobre a inclusão da atividade de fisioterapia ocupacional para o funcionamento de empresas do ramo “bares e restaurantes” considerando o grande número de benefícios oferecidos pela proposta.

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